Estarei lançando no final de agosto um livro de crônicas chamado “Rindo da Estupidez Humana”. São histórias de humor, com leitura rápida, ao estilo de Veríssimo e Mário Prata. São situações que, ao ler, a pessoa logo se identifica.
Aos interessados, estarei na Bienal do Livro (no Rio esse ano), no espaço da Editora All Print.
Segue abaixo uma das crônicas publicadas.
Aprendendo a falar
Domingão. O pai está assistindo ao jogo de futebol pela televisão. No chão, brincando com alguns carrinhos, está seu filho de dois anos de idade. A mãe está arrumando a cozinha.
Empolgado com o jogo e, por alguns momentos, esquecendo da presença do menino, o chefe da casa solta um grito:
— Seu idiota! Está dormindo?
— Indiota, indiota, indiota... - a criança começa a repetir.
— Feliiiipe...
— Desculpa, escapou.
Mas não demora muito para ele se empolgar outra vez:
— Merda de jogo cretino!
— Melda, cletino, melda, cletino melda, melda... - a criança repete mais uma vez. O rei do lar encolhe os ombros o máximo que consegue, aperta os olhos e espera:
— Felípe! Tenha santa paciência!
— Ah... desculpa... mas a culpa é desse time de...
— Ãhãn!
— Jogadores... (ufa!).
Alguns minutos depois...
— Juiz filho da puta!
— Puta, puta, puta...
O pai morde o lábio e olha para o filho com uma cara de “ai meu Deus”.
— Felipe! Não está vendo que ele repete tudo o que você fala?
— Tudo não – tenta se defender – Na frase “seu idiota! Está dormindo”, ele só repetiu “idiota”. Já na frase “merda de jogo cretino”, só repetiu a primeira e a última palavra. Agora, na “juiz filho da puta”, só repetiu a última. Por que ele não repetiu “juiz” ou “jogo”?
— Ah, pára de inventar história! Como você é neurótico!
— Neurótico nada! Algo está... Já sei! Ele está se vingando de mim! Eu o obriguei a comer pepino com beterraba e agora ele está fazendo isso comigo! Está a fim de me ferrar!
— Felar, felar, felar...
O pai olha para o filho. Surge um tique no olho. A veia da testa incha. Cai uma lágrima de seus olhos e ele escuta:
— FELIPE!!!!
— desculpa.
sábado, 25 de julho de 2009
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Fico pensando se os palavrões não poderiam se tornar logo algo corriqueiro, já o são, menos oficialmente. As pessoas que adquirem uma conduta polida conseguem escolher as palavras certas, tentam tirar das crianças o se mais usam, como se só enxergassem os defeitos no outro, o que de fato é...
ResponderExcluirMuito bom cara, e parabéns pelo livro!
ResponderExcluirSucesso!!!
Abração do Saci!
Aee Klaison,parabéns... realmente
ResponderExcluirisso é um fato nas casas onde tem criança pequena,
pareçe que criança tem um "faro" chato pra aprender coisas erradas!! ótima crônica