RINDO DA ESTUPIDEZ HUMANA

sábado, 25 de julho de 2009

Amostra do meu livro de Crônicas

Estarei lançando no final de agosto um livro de crônicas chamado “Rindo da Estupidez Humana”. São histórias de humor, com leitura rápida, ao estilo de Veríssimo e Mário Prata. São situações que, ao ler, a pessoa logo se identifica.

Aos interessados, estarei na Bienal do Livro (no Rio esse ano), no espaço da Editora All Print.

Segue abaixo uma das crônicas publicadas.


Aprendendo a falar


Domingão. O pai está assistindo ao jogo de futebol pela televisão. No chão, brincando com alguns carrinhos, está seu filho de dois anos de idade. A mãe está arrumando a cozinha.
Empolgado com o jogo e, por alguns momentos, esquecendo da presença do menino, o chefe da casa solta um grito:
— Seu idiota! Está dormindo?
— Indiota, indiota, indiota... - a criança começa a repetir.
— Feliiiipe...
— Desculpa, escapou.
Mas não demora muito para ele se empolgar outra vez:
— Merda de jogo cretino!
— Melda, cletino, melda, cletino melda, melda... - a criança repete mais uma vez. O rei do lar encolhe os ombros o máximo que consegue, aperta os olhos e espera:
— Felípe! Tenha santa paciência!
— Ah... desculpa... mas a culpa é desse time de...
— Ãhãn!
— Jogadores... (ufa!).
Alguns minutos depois...
— Juiz filho da puta!
— Puta, puta, puta...
O pai morde o lábio e olha para o filho com uma cara de “ai meu Deus”.
— Felipe! Não está vendo que ele repete tudo o que você fala?
— Tudo não – tenta se defender – Na frase “seu idiota! Está dormindo”, ele só repetiu “idiota”. Já na frase “merda de jogo cretino”, só repetiu a primeira e a última palavra. Agora, na “juiz filho da puta”, só repetiu a última. Por que ele não repetiu “juiz” ou “jogo”?
— Ah, pára de inventar história! Como você é neurótico!
— Neurótico nada! Algo está... Já sei! Ele está se vingando de mim! Eu o obriguei a comer pepino com beterraba e agora ele está fazendo isso comigo! Está a fim de me ferrar!
— Felar, felar, felar...
O pai olha para o filho. Surge um tique no olho. A veia da testa incha. Cai uma lágrima de seus olhos e ele escuta:
— FELIPE!!!!
— desculpa.

3 comentários:

  1. Fico pensando se os palavrões não poderiam se tornar logo algo corriqueiro, já o são, menos oficialmente. As pessoas que adquirem uma conduta polida conseguem escolher as palavras certas, tentam tirar das crianças o se mais usam, como se só enxergassem os defeitos no outro, o que de fato é...

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  2. Muito bom cara, e parabéns pelo livro!
    Sucesso!!!
    Abração do Saci!

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  3. Aee Klaison,parabéns... realmente
    isso é um fato nas casas onde tem criança pequena,
    pareçe que criança tem um "faro" chato pra aprender coisas erradas!! ótima crônica

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